25 de dez. de 2012

Minha grande descoberta:

A importância do 'Por quê' na criação.

Durante a faculdade, ou até mesmo em cursos na área de design a busca por soluções eficazes é iniciada através de perguntas básicas como: ''Para quem?'' ''Onde?'' ''Quando?'' ''Pra quê?'' etc. Tais perguntas acabam culminando nas estratégias de design que estão sempre visando inovações e melhorias, mas não é exatamente disso que se trata esse post, o que quero dizer é que de fato as respostas alcançadas durante a fase de pesquisa são de grande valia para a formação do processo criativo. Entretanto foi
fora das aulas, em breves conversas com dois de meus professores, com os quais mais me identifiquei durante meu curso de design de moda, que eu compreendi que dentre todas as perguntas que eu pudesse fazer a mim mesma, a mais difícil era também a mais importante: Por quê?

#Aqui aproveito para sugerir a leitura do artigo ''O design de moda e os lugares de memória: Ronaldo Fraga e sua coleção Pina Bausch'' (que poderá ser encontrado na seção de links ao final do post). Nesse artigo os autores João Dalla e Pedro Duarte de Andrade conseguem nos fazer compreender como se dá esse 'Por quê' através de uma análise sobre o sensacional estilista, da qual sou fã, Ronaldo Fraga.

Pois bem, durante o convívio com estes meus professores, uma produtora de moda, exímia modelista, mestre na arte de entender e interpretar o mundo e as pessoas, e um designer gráfico, artista plástico e defensor da força expressiva que existe na mais modesta simplicidade, eu pude absorver um pouco da visão pessoal que cada um tinha com sua própria maneira de se mostrar naquilo que faz, de modo bem particular e muito interessante.

Dessa forma pude ampliar minha sensibilidade a ponto de finalmente buscar as respostas que me definiam como criadora. Ao tratar a ideia como uma conexão entre experiências individuais,como na célebre frase de Steve Jobs ''Criatividade é somente ligar as coisas'', a cada novo pensamento que surgia eu procurava entender o que me levou a ter aquela ideia, fragmentando-a até encontrar suas raízes e exteriorizando-a através das lembranças que estava tendo.

Este exercício inicial me levou a levantar questões sobre meus próprios gostos e entender de onde eles surgiram: ''Por que gosto desse cheiro?'' ''Por que essa cor me deixa feliz?'' ''Por que essa textura me agrada?'' ''Por que essa forma me atrai?'' E assim minha mente foi tecendo uma série de perguntas que para a minha surpresa eram absolutamente fáceis de responder.De repente eu estava vendo minha infância, não com o olhar de quem se lembra, mas com o mesmo olhar que tive no momento das minhas primeiras descobertas, foi quando eu me percebi no mesmo espaço-tempo, admirada com minha própria visão do mundo.

E então eu me lembrei de como era divertido manchar minhas camisas brancas com tintas, esmaltes e seiva de plantas, lembrei de como minha imaginação me permitia criar o que eu quisesse com plásticos, papéis, pedras, conchas, galhos e folhas. Lembro-me de enxergar formas na ferrugem, na tinta descascada e nas manchas das árvores e de perceber que cada centímetro do meu quintal era um universo inexplorado.

Quando você compreende o seu 'Por quê' é como se acordasse dentro de si mesmo e, finalmente, encontrasse a liberdade criativa que nenhuma aula é capaz de te dar e que ninguém poderia te dizer como é. Assim sendo, da mesma forma como cada um de nós é único, nossa criação também deve ser. Eu os convido a fechar os olhos para trivialidade e buscar dentro de vocês suas próprias visões, seus lugares de memória. A moda carece disso.




Links:

Livro Design Thinking - google books
Artigo ''O design de moda e os lugares de memória: Ronaldo Fraga e sua coleção Pina Bausch'' - REDIGE